A minha experiência do divórcio

trabalhos me dessem!

Ah pois era!!

Um pouco tarde, não???
Já tinha sido dito que me referia ao Mandela a meio da tarde...lol....devem ser os fusos horários!
Ou jet lag...

No entanto, o poema poderia bem ser o hino de um pré-divorciado, não???
Alinhávamos 11 pessoas...a bandeira pintávamos de verde (cor da esperança) com um símbolo fatela qualquer....3 juízes ao meio...e do outro lado, 11 pessoas com caras de carrancudos e vontade de nos "oferecer" uma roturazeca dos ligamentos cruzados anteriores dos dois joelhos...que isto de ser só de um já não tem piada!
Já é comum...
E a letra do hino tava feita!
Música podia ser do Enio Morricone, ao estilo de "Amor a Portugal" da Dulce Pontes!

Enio Morricone concordo em absoluto!

Olá a todos/as
Estou na mesma situação que muitos de vocês, com um casamento acabado, e com dificuldades de o resolver.
Eu explico :
Estou casada e tenho dois filhos pequenos, não existe já nenhum tipo de relação de intimidade entre nós há mais de um ano, não existe partilha ou carinho, e não existe violencia seja de que ordem for.
Simplesmente acabou. Já lhe pedi para sair de casa várias vezes. Não sai porque não tem para onde ir diz-me ele. A casa é um arrendamento em meu nome, que tenho de solteira..bem como tudo o que lá tenho dentro. Estou casada em regime de separação de bens.
Sinto-me bem comigo propria, estou em paz, mas gostava de ver esta situação resolvida, porque custa-me estar a viver na minha casa com uma pessoa que é mais um amigo do que um marido.
Há discussões resultantes da frustração desta situação, porque há muita coisa que quero fazer e estou condicionada...
Porque é que ainda não pus os papeis? Por ignorancia, por não ter dinheiro para pagar um advogado e porque só agora perdi a esperança de vez de reatar o meu casamento. Já não o quero.
Queria tanto tratar disto amigávelmente, salvaguardar os meus filhos partilhando o poder paternal...mas ele está a levantar-me tantos problemas, sempre a evitar que eu ande para a frente...E tudo isto por causa exclusivamente da casa, onde obviamente se se sente confortável.
Por enquanto consigo sentir-me ainda em paz...mas por quanto tempo ? Antes que me sinta frsutrada e amargurada queria ver isto resolvido. Mas ele não sai de casa, logo a separação temporária fica impossivel de concretizar. Ele está literalmente a obrigar-me a viver com ele...

Gostava de vos ouvir.
Um Abraço e Bem Hajam!

Olá Lua,

Realmente a tua situação não é fácil. Tenta conversar com ele para que vejam que o caminho a seguir é mesmo esse.

Ele está só a salvaguardar-se e a proteger-se, mais nada. É uma reacção natural, mas vai acabar por ter de ceder. Se não achas que não podes pagar um advogado, tem em atenção que agora já não são necessários (caso haja vontade mutua) e que também existem serviços que apoiam estas situações.

Não desesperes. Vais ver que os problemas se ultrapassam melhor de cabeça fria.

Olá Lua

Em relação ao advogado, podes sempre tentar recorrer à seg social, p.ex - ou tentar chegar a acordo rapidamente com o teu marido e resolverem a coisa sem intermediários.

Concordo com o jbsn, quando refere que ele, neste momento, está a proteger-se. Já falaste com o teu marido sobre este assunto? Ele também está na mesma situação que tu (acabou o amor, ficou a amizade?)

De qualquer força, muita força!

Querida ninguem nos pode obrigar a viver como não queremos...


Tu já tens dois filhos... não precisas de um terceiro ja grandinho... O Sr se não tem para onde ir, tem que arranjar... e não precisas de advogado para te divorciares...

Infoma-te sobre a nova lei.... é possivel conseguir o divorcio mesmo com acordos pendetes... em relação aos filhos ou aos bens...

Quanto à tua casa acho que deves fazer um ultimato... uma vez que ja andam assim ha tanto tempo... talvez ele não te leve a serio...

Informa-o das tuas intenções... Da-lhe um prazo... e diz-lhe que assim que esse prazo termine mudas a fechadura...

às vezes não é possivel fazer as mudanças pacificamente... principalmente quando o outro não colabora... os Homens têm tendecia para apelar ao nosso lado emocional e maternal...

Se é a separação que queres não deixes que te prendam.... Ninguem tem esse direito

Olá lua, se bem vinda.

Acho que está quase tudo dito. Se a casa já era um arrendamento teu, dá um prazo para sair. Não é dificil tens é que ter força. De resto, arrastar essa situaçao é passar, sem necessidade, mais sofrimento ás crianças....

Olá Lua
Claro que para te divorciares não precisas de advogado, neste momento basta uma das partes querer fazê-lo.O real problema é a saída de casa. Tens de lutar por isso, por ti e pelos teus filhos.Por vezes pensamos que o melhor para os filhos é ter os pais juntos mas não é verdade as crianças sentem o mau estar, inevitável, e é pior.
Tens algum contacto com a família dele? podem dar alguma ajuda?..e os amigos, que pensam, tens de deitar a mão a todos os que te puderem ajudar.Advogados? desculpem se ofendo algum dos presentes mas não é o caminho a não ser que sejas rica ou disposta a esperar muitos mais anos .
Força, um beijinho

Depois de ler a tua experiencia, parecia estar de certa forma a reviver a minha, também recente e bastante marcante.....
Por experiencia própria, acho que em sitauções destas o nosso comportamento tido como anormal (e é) para a maioria não é assim visto por nos, principalmente porque achamos que existe um restia de esperança para que tudo se resolva e que tudo não tenha de facto passado por um mal entendido, o errado é que acabamos por não ter um limite e elas sabem bem disso e usam esse factor para conseguirem e atingirem os seus objectivos próprios.
Macabro, todo este celeuma que se vai criando....~~~
Será igualmente verdade dizer que quando tomada a decisão final de terminar, aí não haverá volta a dar, é definitivo e irreversível.
Quanto aos filhos e mais uma vez por experiencia prória, melhor será mesmo terminar, sofrem mais em caso de incertezas.... no vai e vem.
Quanto ao resto, não serei a pessoa certa para te dar concelhos, a minha experiencia também é recente e tenho tal como tu alguma dificuldade em lidar com esta nova condição.
Resta-me desejar-te força e descirnimeto....
Abraço - FORÇA
Pdesousa

Olá.

Comecei a "ler-vos" há uma semana, mas só agora consigo falar da minha história, que vou tentar resumir.
Nem sei por onde começar, é difícil por as ideias em ordem.
Mas aqui vai: estou casada há quase 6 anos e a minha vida, tal como eu a conheci até aqui, acabou.
Estou na iminência de uma separação, que foi, como em tantos outros casos, despoletada por uma traição. Uma traição por parte de um homem que foi trabalhar para o estrangeiro, que dizia não aguentar com saudades da mulher e da filha, e que, afinal, ao fim de 3 ou 4 dias (!!) andava com uma pessoa lá, caso esse que manteve durante mais de um mês.
Não, não foi ele que contou. Recebi uns e-mails com todos os pormenores da história (que depois vim a saber foram enviados, por vingança, pela própria pessoa com quem ele esteve envolvido e com quem acabou ao fim de um mês). Pormenores sórdidos que não desejo ao meu pior inimigo ter conhecimento de uma história assim.
Ao fim de 3 semanas, ele veio de férias, eu confrontei-o e ele, ao princípio negou, mas depois confirmou.
Mas não se trata apenas de uma questão de traição. Ou pelo menos não me sinto apenas fisicamente, sexualmente traída. Fui traída em todos os princípios e todas as minhas convicções sobre o que deve reger um casamento. Até porque, nos últimos meses cá, com ele desempregado, não houve companheirismo, não houve muita coisa.

Ele voltou para lá e, como esteve cá pouco tempo, eu disse que queria o divórcio, mas trataríamos disso no verão, quando ele viesse com mais tempo. Ele diz que se arrepende, que não se consegue perdoar pelo que nos fez, que não nos quer perder, que somos a vida dele. Eu recuso-me a falar com ele via net, apesar das insistências dele. Penso que não me levou a sério quando eu disse que não conseguia nem queria continuar a viver com ele.

Estou consciente de que posso ter uma vida melhor sem ele, que não me respeitou enquanto pessoa e enquanto mulher. Efectivamente, sou uma pessoa independente, perfeitamente capaz de gerir a minha vida e ele não é indispensável para o meu dia-a-dia. Mas há algo que martela constantemente na minha mente: o medo terrível da solidão, que tenho e sempre tive. Gosto dele. Ou melhor, gosto da pessoa que eu pensava que ele era, mas que afinal não é. Mas gosto. Acho que inconscientemente ainda espero que ele tenha alguma atitude que me faça voltar atrás nesta decisão, que ainda não é propriamente uma decisão, porque um dia acredito com todas as forças que isso é o melhor para nós as duas e no dia a seguir não me vejo nessa situação.

Em que estado me encontro agora? Sozinha (emocionalmente, pois felizmente tenho a minha filhota, que me faz levantar todos os dias da cama com um sorriso e encarar um dia de cada vez), com a família e os amigos longe, numa cidade em que o que tenho são casais com quem convivemos normalmente e a família dele (para quem, aparentemente, está tudo bem). Sem saber como vou aguentar 3 meses de espera, sem poder decidir nada, sem poder tomar uma decisão, com a minha vida em stand-by. Com falta de um ombro amigo a quem me possa encostar e lavar a alma. Pelo menos, durante um bocado.

E pronto, esta foi a história que me trouxe a este cantinho.

Há quem passe por situações bem mais complicadas do que a tua e consiga chegar a bom porto.
Desenrascada como me pareces ser, penso que conseguirás ultrapassar facilmente aquilo que chamas de “medo terrível da solidão”. Não me parece que venha a ser uma solidão pior do que eventualmente terás.
Cabe-te transformar os longos três meses de stand-by em três meses de calma reflexão para poderes concluir se realmente o melhor caminho será o do divórcio.
Uns ou outros, nós cá estaremos todos os dias para partilhar experiências contigo.
Felicidades … e calma que o divórcio é cada vez mais corriqueiro.

Olá Paulita,

Pois é... mais uma história, infelizmente neste momento é a tua.

Pelo que li do teu mail pareces-me uma pessoa bem resolvida e que vais levar o teu tempo mas dar muito bem a volta por cima disto. Aproveita esse distanciamento, que é optimo em situações destas, ajuda sempre a que as coisas sarem mais depressa.

Infelizmente parece que estamos num tempo em que as relações parecem que não sãon ditadas para durar muito. Ainda não percebi muito bem porquê mas parece que respeito e honra são palavras que progressivamente vão perdendo força...

E por falar nisso, muita FORÇA!

Fica bem!

Paulita se achas que consegues perdoar a traição porque não dás tu o primeiro passo nesse sentido? Aceita falar com ele e diz que estás disposta a dar uma nova oportunidade à relação! Caso não o faças, já pensaste que podes perdê-lo mesmo? Em 3 meses ele pode chegar à conclusão que o melhor é seguir em frente sem ti! É isso que queres?
A resposta está em ti! Para existir uma separação não é necessário colocar isso no papel, separas-te na tua cabeça e isso é o que basta! E transmites-lhe que acabou! Depois será só formalizar a situação!

Olá, Paulita!
Aproveita os 3 meses para reflectires bem no que queres para o teu futuro.
Pensa na tua filha e na felicidade dela e tua.
Errar é humano.
Só tu podes saber se consegues ou não dar-lhe outra oportunidade e se ele (ou vocês) a merece(m).
Se sincera contigo e com os teus sentimentos.
Fala com ele. Talvez seja possível reatarem, talvez não. Mas fala com ele. Dá-lhe pelo menos uma oportunidade de se explicar.
Espero que tudo corra pelo melhor.

Olá!
A situação é um pouco mais complicada do que parece... ele esteve cá 2 semanas e teve esse tempo para se explicar, mas não o fez. Ele sempre teve problemas em desabafar e em falar sobre sentimentos e esse sempre foi um grande problema entre nós. A única coisa que ele disse foi que agora estava diferente e que conseguia falar sobre o que sentia. Mas simplesmente não o fez... Disse que estava arrependido, mas os olhos dele não o mostravam... e eu sei que neste momento ele pensa que esta é mais uma fase má, que eu vou perdoar e que vai passar, sem qualquer esforço da parte dele. Pensa que a própria distância e o tempo se encarregarão de me fazer mudar de ideias... É isso que dói tanto! Como é possível ele continuar a achar que o mundo gira à volta do umbigo dele?! E que ele não tem que mudar nada?!
Eu até acredito que eu seja a mulher da vida dele, mas ele é fraco e isso não significa para ele o mesmo que significa para mim. Pelos vistos, isso não inclui a palavra fidelidade. E não, não consigo viver com alguém que concebe a ideia de ter uma vida dupla. Num dos mails que me enviaram, ele dizia mesmo que não foi para lá para se sentir casado e era isso que ela queria... por isso acabou o relacionamento ao fim de um mês. Mas a mim disse que acabou porque se apercebeu do que estava a fazer à família... Não há um pingo de verdade no pouco que disse!
E isto vindo de alguém que tem praticamente 38 anos, que vai no segundo casamento, sendo que o primeiro acabou ao fim de alguns meses devido às constantes traições da parte dele!
Por mais que me custe a acreditar, acho que isso faz mesmo parte da natureza dele.
Sinceramente, eu acho que conseguiria perdoar a traição. Mas para isso ele teria que "renascer", teria que me demonstrar através de atitudes (não sei bem quais, já que a minha confiança ficou seriamente comprometida e à distância é impossível...) que efectivamente valeria a pena começarmos de novo. Mas honestamente, conhecendo-o como agora o conheço, sei que isso não vai acontecer, embora inconscientemente eu esteja precisamente à espera disso.

Paulita,

Ele só admitiu porque não tinha por onde fugir, e sabes disso. E se era assim antes, se o é agora, nada indica que mude. Ou aceitas, ou não. Custa, claro que sim, mas... o que queres para ti, para a tua filhota? Ele será sempre pai, não é obrigatório que sejam sempre "namorados"

Olá Paulita,

Leva a coisa com calma e aproveita a distancia q existe para aferir de facto o que queres fazer.

Certezas, provavelmente, nao terás mas decidir sem ser a quente é muito importante.

Abraço

Tenho a certeza de que lhe darias uma segunda oportunidade se notasses uma outra disposição e empenho da parte dele. Ainda para mais, pelo que contas, ele já passou por outro casamento que acabou devido a constantes traições.

Mas isto tu já estás farta de saber, não é?...

E o que será pior? A solidão depois do divórcio ou a solidão dentro do casamento?

Isabel GM escreveu:

Tenho a certeza de que lhe darias uma segunda oportunidade se notasses uma outra disposição e empenho da parte dele. Ainda para mais, pelo que contas, ele já passou por outro casamento que acabou devido a constantes traições.

Mas isto tu já estás farta de saber, não é?...

E o que será pior? A solidão depois do divórcio ou a solidão dentro do casamento?

A solidão dentro do casamento é a coisa mais angustiante que pode existir...

Ainda á cerca da solidão dentro do casamento, lembrei-me de um poema que li no ensino secundário, nas aulas de francês (já lá vão uns 30 anitos), mas que nunca o esqueci e fui pesquisá-lo à Net.

[b]Déjeuner du matin
Jacques Prévert

Elle a mis le café
Dans la tasse
Elle a mis le lait
Dans la tasse de café
Elle a mis le sucre
Dans le café au lait
Avec la petite cuiller
Elle a tourné
Elle a bu le café au lait
Et elle a reposé la tasse
Sans me parler

Après tout ça
Elle s'est levée
Elle est allée
Vers le miroir pour se peigner
Elle a rougi
Ses lèvres
Sans me parler
Sans me regarder

Elle a soupiré
Elle a mis
Son manteau long
Elle a pris son sac
Parce qu'elle travaillait
Et elle est partie
Avec le sac
Sans une parole
Sans me regarder

Et moi je suis rentré
Dans la cuisine
Et j'ai fumé.

É um poema inesquecível, de facto. E muito apropriado.

A solidão dentro do casamento...

Mas o seguinte, é-nos dedicado! A todos nós que estão num (sempre) triste e doloroso processo de divórcio, a todos nós que estamos em tempo de adeus...
(É um poema do A. O'Neill, a quem nunca hei-de dizer adeus...)

[b]Um Adeus Português

Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz dos ombros pura e a sombra
duma angústia já purificada

Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor

Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver

Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual

Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal

Mas tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser

Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti

Obrigada pela partilha, Rafael e Isabel.
Este último poema tocou-me em especial, particularmente no dia de hoje, que não está a ser um dia fácil...
Estou tão perdida...
Que sentimento de impotência! Todos os dias ele me contacta, me pede perdão, diz que está mil vezes arrependido... O que faço com este sentimento? O que faço contra esta sensação de querer uma coisa que sei que não é possível?
Sei que a minha felicidade não está ali, mas a cada dia que passa sinto-me enfraquecer na minha decisão...
Sou tola, só pode, porque racionalmente não há motivos para continuar.