Emigração e Divórcio

Bem isto diz-me muito porque o vivi na primeira pessoa. O meu ex marido foi trabalhar para Moçambique e 9 meses depois pediu-me o divorcio. A principio negou que fosse por ter outra pessoa, embora tenha confessado que me tinha traido uma vez. Disse apenas que ja nao me amava e que não ia ficar comigo por pena. Tinhamos uma relaçao excepcional até entao e nada fazia prever isto. Talvez tenha tido a ver com o que escrevem no post sobre o voltar a sentir-se livre ao viver noutro país, sozinho. Entretanto descobri que afinal havia outra (qual canção da Mónica Sintra). Não sei ao certo o que aconteceu. Se realmente o amor dele por mim esfumou-se com a distancia, ou se a outra pessoa virou-lhe de tal modo a cabeça que o fez abdicar de uma relação até entao tão sólida.
O que posso dizer da minha experiencia é que a emigração pesa muito negativamente na hora de manter ou não um casamento. Há uma serie de perigos como descrito para quem passa por isto. E não é facil não ceder a nenhum deles...

É cliché, mas já diz o ditado " longe da vista, longe do coração".
Penso que é preciso um amor muito grande e carácter, para que uma relação dure muito tempo com os intervenientes separados fisicamente.
Acredito que as relacaoes, nascem e se alimentam de pequenos nadas diários. Quando isso não existe é fácil cair em tentação ou, pura e simplesmente perder-se o que existia. Para além de, manter uma relação é complicado. Gerir os conflitos, os gostos, as opiniões... Mas tudo isso é feito diariamente, e é essa gestão que gera intimidade e apego.
Mas isto é só a minha opinião, de fora. Pois nunca vivi esta situação.

Eu também me divorciei e a causa foi o afastamento. O meu ex foi trabalhar para cabo verde e envolveu-se com alguém de lá até que eu descobri tudo.
Concordo que a distancia pode afastar se a relação já não estava bem estruturada. Conheço casos de amigos que partiram e nunca pensaram acabar com a relação que tinham cá.

A questão também pode estar ligada à real motivação que leva à partida; pode ser que a vontade de sair tenha mais a ver com motivos diversos dos da ordem económica. Dito de outra forma, pode ser perfeitamente possível que a falta de dinheiro sirva como pretexto para experimentar mudar de vida, na verdadeira aceção da palavra...

A Sandra Lua tem razão quando fala na necessidade de alimentar diariamente a relação, mas há relações que se alimentam à distância, desde que o tempo de separação não se prolongue indefinidamente. Hoje em dia, com o recurso às novas tecnologias, é possível manter o contacto diário, coisa que não acontecia há 30 ou 40 anos, quando a comunicação era feita por carta.

Daniela, quando o seu marido partiu, alguma vez lhe passou pela cabeça que essa partida poderia ser o princípio do fim do vosso casamento? Teve receio que isso pudesse acontecer?

Concordo que a distância pode ser ultrapassada, a curto-médio prazo. Mas... não sei. Penso que é uma situação muito complicada. E concordo com a Ana Leandro, os motivos da partida têm que ser bem pesados, ponderados e discutidos. Por vezes não são iguais para quem vai e para quem fica.

Desculpem a comparação, mas faz-me lembrar os casos em que o patrão casa com a secretária, e toda a gente crucifica. No entanto, muitas das vezes a secretária sabe mais dos gostos, dos interesses e da vida da mulher, do que a própria. Sem falar que ela acaba por passar muito mais tempo com ele.

Como tudo na vida, há varias nuances.

Já perdi conta aos casos que conheço de pessoas que foram trabalhar para o estrangeiro e casamentos "perfeitos" terminaram subitamente.

Apesar de naturalmente nunca ter sido casado, acho que nestas coisas há duas situações de risco. Uma delas é a distância e a outra é a proximidade (trabalharem juntos por exemplo).

É apenas o que penso.

Tb acho, a distancia ou a proximidade em demasia podem prejudicar a relação. Quem trabalha junto acaba por estar junto com o outro 24 sobre 24 horas por dia e a relação pode desgastar-se pela saturação.
O meu ex sempre emigrou ao longo dos 23 anos de casamento e só na ultima vez é que lhe apanhei um caso.
Mas sim, pode haver outro motivo que não o económico e com a partida torna mais fácil colocar um ponto final na relação.

Olha, cada caso é um caso.
Como irremediável romântica que sou, acredito que quando se ama todos os obstáculos são transponíveis. Não acredito que seja possível amar 2 ou mais pessoas ao mesmo tempo. Pelo menos, eu não consigo. Não sou assim.

Desculpem a comparação, mas não resisti:

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]

ahahah, muito bom Sandra, é mesmo isso, mas atenção: há casos (cada vez mais) que não vem vacas, vem outro boi (hihihi)

Pois... palpita-me que essa inscrição tem a ver com a teoria da velha velha, que pode ser adaptada a alguns casos de que atrás se falou. Ai, pode, pode!  Aliás, existe um filme que fala sobre o assunto e que vale a pena ver (só as meninas pouco influenciáveis, ok?), o titulo é, salvo erro "someone like you".

A teoria da vaca velha explica muita coisa.

É um bom tema para desenvolver noutro tópico.

Eu vivo numa situação de pré-divorcio à mas mais de um ano...

Levo já 5 anos de trabalho em África...

A distancia, a solidão, o habito novo de viver sozinho, a frieza e falta de compreensão muitas vezes da pessoa que fica cá e de quem vai para lá...também não ajuda

Para não me adiantar muito e porque já aqui o escrevi em outros tópicos, a pessoa que fica cá também tem que se lembrar de quem está lá. Por exemplo no meu caso, não gostei de ver e de ler vários comentários de novos amigos (que nem sequer os conheço de lado nenhum), no mural do face dela...se a isto juntar as passagem na via verde para locais a onde algumas dessas pessoas vivem...

Enfim como costumo dizer, a falha de um casamento vem de ambas as partes, não vale a pena arranjar um culpado para tudo

Olá lmcosta,

É verdade, uma relação à distância é muito complicada.
Infelizmente muitas vezes os dois sentem o mesmo. A solidão, o criar novos hábitos, a casa estranha mas... todos nós inconscientemente sentimos que o nosso pesar é sempre maior que o dos outros. E infelizmente a vida continua, dia após dia.

Desconheço a tua história e longe de mim julgar quem quer que seja, mas isso de controlares a via verde parece-me excessivo.
Penso que também tu tentaste arranjar novos amigos e sair lá. Já que mais não seja para minimizar a solidão. É uma situação muito complicada porque também penso que não a querias confinada às 4 paredes de casa.
É uma situação levada dos diabos!!!!
E tens razão a culpa é repartida.

Olha só te posso deixar a certeza de que tens aqui companheiros para tudo. Te "ler", responder, opinar, dar o ombro, o que precisares...
E se a amas, luta. Encontrem o que vos fez amar um no outro e lutem. A vossa vida já é muito complicada racionalizem e saibam compreender as atitudes um do outro. De ambos os lados.

Um bj e fica bem

Boas

De facto seria excessivo controlar a via-verde, mas foi uma situação ao acaso e que aconteceu apenas uma vez, tendo por coincidência as referidas passagens no mínimo estranhas, para alguém que nunca vai para esses sítios (muito menos sozinha) e que deixa 2 crianças entregues a vizinhos...

Não, não a quero confinada a 4 paredes, mas a situação é muito complicada. Esses amigos aparecem na vida dela, ligados a pessoas que muito mal lhe fizeram a mais de 20 anos, que a levaram até a tentar suicídio. Passados agora tanto tempo o reatar dessas amizades, tem interferido na vida familiar...sendo este um dos nossos problemas.

Neste momento e depois de varias situações vividas, com muitos conflitos na base de acusações mutuas...o amor é meramente uma palavra do passado.

Durante os últimos tempos, tentei com actos inverter a situação, mas as coisas não mudam e ultimamente até tem vindo a piorar de dia para dia.

Agradeço as tuas palavras e compreensão,

Fica bem

Lmcosta, como referi desconheço a tua história e simplesmente quis que visses as coisas pelo prisma de quem está de fora. Depois do que referiste, é estranho o comportamento dela. E há alturas em que fazemos as maiores borradas pensando que estamos a agir da melhor maneira. Tal como disse, não te queria julgar ou algo do género mas, a vossa situação é extrema. Estar longe de quem se ama é complicado. É necessário muito jogo de cintura. Estão juntos mas separados. As decisões diárias acabam por ser a solo, por muito que se diga. Mas é preciso ir-se levando, por certo a decisão de estares fora também não foi um capricho mas sim para o bem estar da vossa vida familiar e em geral. E também tu lidas com imensos problemas diários devido ao distanciamento. A distância dela, das crianças, da casa, da família... é muito complicado.

Um bjinho e qualquer coisa estamos por aqui

KKKK

Não fico de maneira nenhuma chateado ou a pensar que me estás a julgar.

Aliás este espaço serve muitas vezes para entre ajuda anónima, entre pessoas que vivem situações similares e como anónima não existem julgamentos.

A minha situação é de facto estranha, mas se vires tem muitos pontos em comum com outras tantas historias aqui contadas e que se cruzam...

O que vou agora escrever espero que deixe outras pessoas a pensar e que reflictam um pouco.

Leio por aqui que na maioria dos casos os homens são os principais culpados das separações, o que na maioria dos casos até é verdade...mas também nem tanto ou mar, nem tanto à terra

Falando de Angola. Muita gente por cá acha que todos os portugueses lá vivem à grande e a francesa. Sol, praia, marisco, muito dinheiro no bolso, liberdade e por fim mulheres.

Esta ideia ou este estigma que se criou, muitas vezes para quem imigra e com vergonha da situação que por lá vivem e ao não quer mostrar a realidade em que vivemos por lá (típico do português emigrante "cagão" e "fanfarrão"). Muitas vezes nem as nossas famílias contamos o que se por lá passa connosco e dizemos sempre que está tudo bem.

Muitas vezes vivemos isolados em cidades distantes e/ou em alguns casos em mata cerrada e a viver em condições muitas vezes desumanas. Esquecem que mesmo em Angola os salários caíram para metade desde 2008 e que nesta altura o dinheiro não abunda para aqueles lados (nem no bolso dos emigrantes)...estão milhares com salários em atraso (estas situações passaram-se comigo)

Muitas esposas por cá, mas também acontece o inverso com alguns poucos esposos que cá ficam (poucos casos mas também existe), esquecem-se o que levou muitos maridos ou esposas a emigrar e por cá fazem vidas que em muitas vezes ainda trazem mais dividas...é a casa velha que já não serve, o carro tem que ser topo de gama. Enfim um pouco de tudo o que nos levou à crise financeira em que muitas famílias vivem...vivendo acima das possibilidades, numa vida de fachada e isto acontece na maioria dos casais.

E o que é que isto tem a ver com o temas da discussão? tem e muito

Quando muitas vezes ligamos e do outro lado só temos queixas, discussões, problemas (com ou sem razão), quando chegamos cá e muitas vezes a conta bancaria do casal está sempre pior do que a ultima vez que cá se esteve e cada vez mais dividas ao banco (e isto acontece na maioria dos casais)...muitas vezes quando coisas que achava-mos que eram pequenos problemas, pequenas divergências ou incompatibilidades, afinal até são enormes, se a tudo isto somarmos a distancia + solidão + isolamento = um turbilhão de problemas e emoções

E ai surge o ponto de convergência do tópico, as interrogações, as incertezas, os ciumes e o sacudir da agua do capote ...
será que quero continuar a viver assim ? ... É por causa do estilo de vida que ela quer que estou aqui? ...Que ela anda a fazer, com quem está? ... Será que ainda gostamos um do outro???

e no fim as decisões (certas ou erradas), a faisca que falta para o divorcio...

Não quero continuar a viver assim / ela que sustente o estilo de vida que quer ter / de certeza que anda a passear, com algum amigo e eu aqui a sofrer / isto já não é gostar...

e então ai entra a 4ª pessoa (porque a 3ª é a dela)...a ilusão da resolução de todos os problemas.

vou arranjar alguém por aqui / as mulheres aqui não chateiam nem metade ou se começam com muitas coisas arranjo outra / vivem com muito menos dinheiro / à noite na cama estão sempre disponíveis /casando já não tenho problemas com a documentação / as despesas que ela criou (como se ambos não tivesses assumido perante o banco) ela que as pague / com o que ganho e num pais cheio de oportunidades começo uma nova vida do 0 e facilmente consigo um vida boa... em muitos dos casos não passa de mera ilusão

Espero não estar a ser chato, mas esta é parte da minha vivência, se assim quiserem a minha opinião

PS: Peço desculpa por em algumas partes estar a ser machistas...

É o bom disto, podes ser o que bem entenderes. O resto da malta cá estará para te dar na corneta, ou não.

Infelizmente, ou felizmente, sei que tudo o que dizes é a mais pura verdade. Tenho alguns amigos emigrantes e até situações muito similares com migrantes.
Quando os dois não correm na mesma direcção, torna-se complicado compreender e suportar certos comportamentos.
Penso que só quem vive a situação a pode compreender verdadeiramente. Falar, para quem esta de fora, é sempre fácil. Viver o dia a dia é que é complicado.

E em relação à tua relação, o mesmo se aplica, só tu saberás como a resolver. Nós, aqui de fora podemos mandar uns bitaites mas, verdadeiramente, só tu poderás encontrar o teu ponto de equilíbrio e a melhor forma de lidar com tudo.
Só precisas de saber que, para o que for necessário, andamos sempre por aqui...

Bjinhos