Decisão tomada, confusão de sentimentos...

Antes de mais obrigado a todos os que tornam possivel este espaço, pelo que tenho lido, vejo que pode e é certamente uma possivel ajuda a pessoas como eu.
Eu sou o Rui tenho 40 anos, vivo no estrangeiro por motivos profissionais, e estou á beira de um divórcio por opção própria.
Sou casado á 10 anos e tenho uma filha linda que vai fazer 6 aninhos, mas que só vejo 3 vezes por ano, mas que tento ver e falar por skype o mais possivel neste ultimo ano e meio, que é o tempo que estou fora de casa por motivos profissionais.
Dada esta pequena explicação de quem e como sou e vivo vou tentar ser o mais breve possivel na minha história.
Antes de tudo devo dizer que quem tomou internamente a decisão do divórcio fui eu, e tenho vindo a sofrer imenso por sentir que para mim acabou ou que já chega de viver uma história de mentira, tenho tido muitas noites mal dormidas desde que me apercebi que estava a ficar desgastado por ver que entre mim e a minha mulher existem coisas que nós perdemos a capacidade de conseguir solucionar, ao longo do nosso casamento falhamos muito, eu falhei muito, momentos houve em que senti que estava infeliz, mas ter a minha filha pelo meio fez com que tudo se fosse camuflando, sempre fui educado com valores de familia, e tentei até hoje não destruir a minha para a minha filha, tenho uma mulher linda e que me ama muito, que daria a vida por mim, mas na verdade temos muitas questões que se teem demonstrado irreparáveis... Chego a sentir culpa de estar a tentar destruir um castelo que ela tem como bonito, forte e capaz de resistir a tudo, mas eu estou no meu limite... A minha filha foi o motivo pelo qual consegui chegar tão longe, mas tenho a sensação que se continuar a tentar esta vida de mentira ela um dia será uma menina muito infeliz, a minha filha sempre foi muito ligada a nós, e sempre fez questão de dizer com sorrisos e palavras que é feliz e está feliz por nos ver juntos, e abraça os dois com ela pelo meio... Isso despedaça o meu coração, pois eu não quero mais viver infeliz junto da mãe, acreditem chego a ter medo de que ela nunca me venha a perdoar por me querer afastar da mãe, a minha filha é a minha verdadeira razão de viver, mas se eu não estou feliz, será que ela o vai ser se eu optar por continuar a viver assim só para que ela não sofra?! Será que tenho o direito de roubar o direito a minha mulher de um dia encontrar alguém que a faça feliz em tudo o que tenho vindo a falhar?! Estou longe mas sempre presente e estarei sempre, não tenciono deixar de continuar a preparar a vida futura da minha filha, de lhe ajudar a construir um futuro melhor, de lhe dar tudo o que ela precisa, seja em sentimentos, seja em coisas materiais que lhe façam falta para as várias fases da vida, continuarei a ser o pai que sempre fui, e se possivel de tudo farei para lhe manter a qualidade de vida que ela tem agora.
A mãe... Essa vai sofrer, ainda não cortei a relação de vez e já tenho vindo diáriamente a sofrer, estou confuso não pela decisão que tomei, mas sim que tipo de sentimentos são estes que sei que já não chegam para estar com uma mulher, dormir na mesma cama, sem que a esteja a faltar com amor... Acho que sinto medos, receios, e penso muito como será a vida delas sem a minha participação directa, quanto as partilhas, essas não me interessam, já comecei muitas vezes do zero, e abdico de tudo ou quase tudo se isso for pelo beneficio da minha filha, e até mesmo da minha mulher a quem vou roubar o castelo que ela construiu comigo do seu lado, estou triste, cansado e muito confuso por estar a chegar a época natalicia, que até será quando chego a casa... Sinto-me mal por estar a sentir isto e por querer divórcio, mas na realidade não aguento mais viver no meio das diferenças que eu e a minha mulher temos entre nós, a minha filha já não está a chegar para me fazer esquecer de mim próprio, será que estou a pensar mal?! Será que a minha decisão e atitude é condenável?! Acima de tudo eu apenas quero ser feliz e onde estou não estou a conseguir ser, e se continuar acabo por tirar também a possibilidade de ela ser feliz um dia, e mais no meio disto tudo a minha princesa pequena, essa e que vai mesmo sentir todas as causas e efeitos negativos de toda esta situação.
Desculpem o testamento mas estava mesmo a precisar, obrigado.

Ola Rui, quando me separei ao fim de 23 anos, o meu filho que tinha entao 20 anos perguntou: "mae porque aguentaste isto tanto tempo se nao eras feliz??"
a minha resposta foi: "por ti filho"
ao que ele respondeu: "mae desculpa mas foste tola, eu amo-te e tudo o que desejo é a tua felicidade, com o pai ou sozinha"
Rui, a vida passa num instante e só tens esta oportunidade de a viver! Viver feliz ou infeliz depende das escolhas que fazemos!
Estás a adiar o que será inevitavel a qualquer altura, entao para que prolongar o teu sofrimento? E continuares a fingir o que já nao sentes? É que desta forma, nao só estás a enganar a tua mulher, como a ti mesmo.
A tua filha um dia entenderá a tua decisão e se sentir que continuas a amá-la da mesma forma, nunca se afastará de ti.
Força na decisão, que todos sabemos que nunca é facil. Seja para quem parte, seja para quem fica!

Olá Analu, antes de mais obrigado pela tua partilha de experiência de vida, obrigado ainda pelas palavras que me foram dirigidas, na vida a com uma ajuda acumulada de anos de vivências cada vez mais acredito que na vida somos muito idênticos e ao mesmo tempo muito diferentes, isso define que tipo de contrução de futuro queremos para nós... Eu escolhi o meu, já o transmiti, e embora a dor que causei me assole a todos os instantes, e me cause medos e inseguranças, decidi avançar pelo futuro num caminho que me é desconhecido, estou a ser justo, não só para comigo, como também o tento para com as pessoas que me acompanham directamente nesta fase, apenas quero mudar todas as tristezas em alegrias um dia... Quem sabe.

Força Rui, o caminho agora é sempre em frente. Bom ano e que sejas feliz