O meu mundo desabou

Olá bom dia. Estou numa fase de pré-divórcio e estou sem forças...não sei o que pensar nem o que fazer, mas vou tentar explicar: tenho 38 anos e temos 12 anos de namoro e quase 11 de casamento, do qual nasceu a nossa princesa que está prestes a fazer 7 anos. Sempre nos demos bem e gostávamos muito um do outro, embora de vez em quando tivéssemos as nossas chatices muitas vezes provocadas por fatores externos a nós como casal: eu com razão de queixa da família dele e ele com razão de queixa de um cunhado meu que nos prejudicou muito financeiramente. Além disso sou uma pessoa que não guarda rancor, mas tenho o pensamento na ponta da língua e por vezes sou impulsiva o que leva a que diga o que penso quer para o bem quer para o mal... já ele é o oposto guarda tudo para ele e dificilmente diz o que lhe vai na alma. Em 2010 ele esteve quase a envolver-se com a minha melhor amiga e mulher do melhor amigo dele, mas antes que acontecesse alguma coisa contaram-nos e depois de um mês juntos em casa mas separados decidi perdoar, porque apesar de não ter acontecido nada senti-me duplamente traída, mas as coisas nunca mais ficaram a 100% pelo menos para mim pois tornei-me insegura e desconfiada.
Em Setembro de 2011 o nosso casamento estava a passar por uma fase de muito desgaste e depois de umas férias de muitas discussões, pelos fatores acima mencionados, decidimos separarmo-nos e eu e a minha filha fomos para casa dos meus pais. Foi muito doloroso para mim, fiquei com uma anorexia nervosa e tive de receber tratamento com anti depressivos e ansiolíticos. O tempo foi passando e nós cada vez mais próximos e sempre que falávamos dizíamos que o sentimento não tinha terminado mas que naquela altura naquelas circunstâncias não havia outra hipótese. A esperança de uma reconciliação ia aumentando até que em Fevereiro de 2012 resolvemos dar nova oportunidade ao nosso casamento. Tudo correu muito bem (apesar de as dificuldades financeiras provocadas por outros não terem desaparecido) e nós juntos conseguíamos superar todos os obstáculos que nos apareciam, mas sempre felizes os 3 juntos no nosso ninho. Até que em Setembro/Outubro de 2013 as nossas discussões começaram a tornar-se mais frequentes e fortes: eu sentia-o mais desligado e comecei a ficar insegura embora ele não me desse motivos visíveis para isso. Eu procurava discussões e dizia-lhe coisas que não devia e ao invés das outras discussões anteriores ele não tomava a iniciativa de vir ter comigo... cada vez que havia uma discussão provocada por mim ele ignorava-me pois dizia que o melhor era não me responder... das poucas vezes que ele ía jantar com o grupo de amigos eu amuava e quando ele chegava ou no dia seguinte havia trombas da minha parte e muitas vezes discussão. Ele disse-me tantas vezes "vais estragar isto tudo outra vez" , mas era mais forte do que eu. No inicio deste ano houve mais 2 ou 3 discussões fortes intercaladas com alguma aparente calma, mas mesmo nestes tempos calmos as coisas não estavam como antes, havia um maior distanciamento entre nós que nunca existiu. No entanto ele dizia-me sempre que devíamos lutar pelos 3 e que enquanto sentisse que me dava mais a mim do que eu a ele que continuaria a lutar...
Até que em Abril aconteceu o pior: vieram-me dizer que ele poderia estar envolvido com uma colega minha, que iam tomar frequentemente café juntos pela manhã e embora eu soubesse que eles se encontraram algumas vezes pois frequentavam o mesmo café isto não me saiu da cabeça (talvez provocado pelo trauma anterior) e tentei saber junto dessa pessoa mais coisas. Tudo o que ela me disse foi sempre baseado no "ouvi dizer" mas afirmou-me que eles se encontravam também na hora de almoço porque o via a passar perto do emprego dela e da minha colega... até que passado 3 dias ela me liga e diz que o viu passar: eu fiquei fora de mim e liguei-lhe logo a perguntar onde é que ele estava e a insultá-lo e qual não é o meu espanto quando me diz que estava a almoçar em casa da mãe, como usualmente, pôs-me a falar com a mãe e ainda me ligou do fixo para eu ter a certeza...como é logico quando veio ter comigo para me levar ao emprego depois de almoço estava furioso comigo e aí eu explodi: disse-lhe que sabia que ele andava metido com a minha colega e agredi-o... exigi irmos ter com essa colega para os confrontar e no calor da discussão eu e ela agredimo-nos fisicamente...logo eu que sempre fui tão calma... eles negaram tudo que a única coisa que poderiam falar era dos café que eu soube mas que eram encontros casuais uma vez que íam ao mesmo café, e até o marido dela veio falar comigo a dizer que era mentira que sabia quem me tinha vindo dizer e que tudo não passou de uma vingança dessa pessoa para a minha "colega" pois tinha-a despedido por justa causa uns meses antes. E já nessa altura a ex-funcionária pelos vistos lançou várias calúnias (entre elas a do meu marido) e quando foi intimidada para ir a tribunal responder disse que nada era verdade e assinou um documento em como não levantava mais calunias. Quer dizer, na altura até o meu marido soube disto, mas ninguém me contou para eu não ficar com minhocas na cabeça... e vim a saber da pior maneira, depois de ter feito tudo o que fiz... Fui ter com a pessoas que me disse e qual não foi o meu espanto quando ela me diz: mas eu não te disse nada de mais!!!

Como é lógico pedi desculpa ao meu marido, ele compreendeu eu ter ficado furiosa pois se me tivessem contado anteriormente eu ao ser abordada por aquela pessoa já não iria agir assim com ele... mas disse-me que não sabia no que agora ia dar o nosso casamento pois estava muito magoado mas para eu não esperar muito, no entanto achava que por tudo o que passamos juntos e pela nossa filha devíamos tentar... nesse dia ele pôs tudo para fora e disse-me coisas que o magoavam que eu nem me apercebia... desde esse dia que luto pelo nosso casamento, mudei os meus comportamentos, mas se as coisas não estavam bem agora nem se fala: o distanciamento emocional e físico é quase total: ele criou uma barreira que eu tenho medo de a passar. Ele está abatido e distante e de vez em quando dou com ele a olhar para a nossa princesa com as lágrimas nos olhos...

Ao fim de 3 meses assim, na semana passada disse-lhe que não aguentava mais este sofrimento pois sinto que só eu é que estou a lutar e ele não me deixa chegar-lhe e ele respondeu-me que não queria falar e para deixarmos a conversa para outro dia. Até hoje ainda não teve a iniciativa para falar mas eu também não tenho coragem pois sei que se falarmos é para nos separarmos e sei bem o que sofri à 4 anos atrás e já estou outra vez sem comer, sem forças, sempre a chorar e a emagrecer constantemente.

Não sei o que fazer, se dou mais tempo se tomo a iniciativa de falar... gosto tanto dele mas só sei que este sofrimento é muito e que tudo ao meu redor desabou e sinto-me culpada por tudo e por não ter sabido aproveitar a oportunidade que tive à 3 anos...

Com calma...

Bom dia,

Este sábado fizemos 23 anos de namoro, e ele deu-me um ramo de flores, fomos jantar os 3 mas ele continuava como sempre triste e apático. No domingo à tarde aproveitei uma altura em que estávamos sozinhos e pedi-lhe para falarmos: ele, com as lágrimas a escorrer pela cara abaixo, disse que neste momento não me consegue dar mais nem aquilo que um casamento exige, que anda triste porque está a sofrer mas principalmente porque sabe que me está a fazer sofrer e que gosta muito de mim...mas não consegue dizer que me ama...diz que não imagina o futuro sem mim que está muito apegado a mim e tem muito medo de sofrer se nos separarmos, por nós e pela nossa princesa, mas ao mesmo tempo para já acha que não me consegue dar mais... eu disse-lhe que sendo assim o melhor era nos separarmos e que depois de a princesa fazer anos (daqui por 2 semanas) tornávamos a falar... mas só de pensar nisso fico aterrorizada pois sem bem o que sofremos quando estivemos separados 6 meses... além disso penso que se realmente nos separarmos não teremos uma nova oportunidade porque a minha ex-colega que entretanto se separou, por descobrir que o marido a traía, disse-me que se ela estava separada eu também não iria ficar com o meu marido e que iria fazer de tudo para me estragar a vida...
A minha irmã diz-me que eu devo manter a calma e mesmo estando nesta situação que não devo falar em separação porque as coisas podem resolver-se, mas eu tenho receio de ao arrastar isto a nossa relação piorar e correr o risco de ele nem me "poder ver"...
Tenho medo, mas tanto medo... eu só queria ter uma nova oportunidade...

Olá Maria.
Não te culpes, nem te martirizes. Talvez eu não seja ninguém para te dizer seja o que for, pois só estive casada 3 anos, mas uma coisa eu já aprendi. Quando pensamos que não temos mais força, ela aparece vinda do nada e nós aguentamos tudo. No teu caso foram muitos anos de convivência e vai custar, claro. De um momento para o outro alguém desaparece do nosso lado e é estranho. Agarra-te a tua princesa e pensa se realmente vale a pena continuares a sofrer. Quanto mais adias a 'conversa' pior vai ser. Há coisas que tem de ser faladas e quanto mais cedo melhor. Fugir não é solução.
Vem ao fórum e desabafa. A mim fez-me bem. Muito bem. isto as vezes está paradito, mas há sempre alguém que lê o que escrevemos. Não penses que estás sozinha. Desejo-te muita força. Beijinho. Joana

Olá Joana. Obrigada pelo apoio. Nem de propósito... ontem tive uma conversa com ele e efetivamente vai ser esse o caminho...ele diz que gosta muito de mim, mas que com o desgaste que a nossa relação teve está sem forças, não consegue dar o que um casamento exige e não consegue dizer que me ama...sinto-me tão perdida...não vou conseguir passar por isto outra vez... quem me dera ter a tua força...só penso que não sei viver sem ele... e a minha filha? não vou conseguir "partilhar" uma semana em cada lado... se já estou tão mal não me vejo uma semana sem ela...beijinho

É normal que te sintas perdida. Foram muitos anos com ele ao teu lado. A força vai aparecer com o tempo, vais ver. "Só penso que não sei viver com ele" claro que sabes e se não sabes vais aprender. Devagarinho. Porque é que a vossa filha vai uma semana para cada lado?

ele quer guarda partilhada para ela não sofrer tanto porque também está muito habituada a ele, mas eu não consigo sequer pensar nisso... ainda está tudo tão fresco... ainda estou a digerir o facto de a minha relação de 23 anos ter terminado...

Eu tenho guarda partilhada com o pai do meu filho e ele vive comigo. Ia para o pai de 15 em 15 dias e passava as férias com ele, mas vive comigo. Agora que estou fora do país é diferente, mas enquanto estive em Portugal, o meu filho sempre viveu comigo. Eu não estou par das leis actuais, mas acho que cria muito mais confusão a criança andar a saltar de uma casa para a outra todas as semanas.
Imagino que não esteja a ser fácil para ti, mas tens de arrebitar.

Eu também penso que é pior andar a saltar de casa em casa, e também não estou a par das leis actuais, mas pelo que tenho lido na internet agora é o que os juízes propõem...existem tantas coisas a serem tratadas...nós nunca mais falamos sobre o assunto desde 2ª feira mas só de pensar que a minha filha faz anos de amanhã a 1 semana e depois vamos tratar disto fico com tanto medo... estou desesperada... sinto-me perdida...eu gosto tanto dele...como é que é possível 23 anos acabarem assim? eu cresci com ele, passei mais anos da minha vida com ele do que sozinha...não sei se vou aguentar...