Quando conheci o pai dos meus filhos tinha acabado a minha formação universitária e como não tinha emprego, a sua sugestão, mudei-me, a fim de iniciar atividade, para a cidade onde os seus pais moravam e moram. Anos volvidos, tivemos o nosso primeiro filho. Aí começou o sufoco por parte da sua família e eu por boa educação e dado o facto de trabalharmos nas instalações do seu pai fui suportando angustiosamente a situação. De longe, tudo parecia perfeito, mas para mim era uma tortura que ele nunca entendeu. Todos os dias, a partir do nascimento, a sua mãe se apresentava com comida (quando eu já tinha a ajuda da minha mãe) e esperava no sofá da sala que o meu filho acordasse . O pai nunca percebeu que atitudes como esta minavam a nossa intimidade. Ela é que teve que fazer o bolo do primeiro aniversário, o meu filho teve de ser por ela criado (e exigi, nesse caso, eu também pela minha mãe) até entrar na escola kkkkm0, e depois teve que ir para a escola onde ela é professora. Tudo eu fui aceitando para não arranjar problemas, mesmo depois de lhe ter dito o que pensava. Quando fui à festa de fim de ano da escola, digamos que a festa era dela, e eu senti-me uma sombra. No primeiro dia do pai multiplicou-se em oferendas ao filho. Em resumo, tempo livre e meios não escasseiam. Imaginem não saber quando alguém vos vai bater à porta só porque pode. Da sua boca saíam inconvenientes conversas como " eu sou muito agarrada aos meus filhos" e "sabes porque é que o meu filho é um príncipe? Porque foi criado por uma rainha" "eu gosto mais dos meus filhos do que as outras mães. E, claro, nada disto afetava o meu marido, que, pelo contrário adorava ser por ela apaparicado. Se fosse hoje não teria aceite a sua alegada generosidade pois o seu preço foi elevado. Digamos que é uma espécie de esclavagismo moderno que eu rejeitei para mim e não me sinto em dívida porque preferia ter tido uma vida mais modesta só com nós os quatro. Nem a sua mãe, nem a minha que só acorria a meu pedido, para calibrar. Só nós. O meu primeiro filho nasceu e logo se apressaram a criar um grupo para trocar fotos. Exigi ao pai que me juntasse ao grupo, já que a meu pedido aquele espetaculo circence não terminaria. Penso que o pai foi o principal culpado porque nunca viu a profundidade do vazio dos meus olhos, nem ouviu os meus suplícios. Ali dorme no quarto ao lado com a minha bebé. E eu aqui, estou perto do meu príncipe. Com o meu apoio o pai criou a sua carreira e eu nada tenho mas uma revolta que me consome. E agora, com 37 anos, vejo-me a braços com esta luta. Imaginem o v. Filho vir da escola, onde esteve o dia todo com a avó e o pai perguntar se o meu filho pode agora ir para casa dela. Factualmente não tem mal nenhum, nada do que aqui se descreveu. Mas percebam a minha angústia. Otimo filho, com efeito. Bom pai. E marido? E patrono do seu reduto familiar? Onde fôssemos, os seus pais tinham que vir. Se ausentes de casa, facetime duas vezes por dia. Estou tão cansada. Por isso terminamos e eu vou terque refazer a minha vida. E ele vai continuar na nossa casa, rodeado da sua família, se calhar mais feliz. Qual complexo de édipo. A vida é madrasta. Sei que vou superar isto porque tenho formação mas vai ser duro, ademais se continuar este assédio por parte da familia dele. Colocar o foco noutras coisas, penso ser a solução. Alguém passou por alguma coisa semelhante?